Vivência do 18º Domingo do Tempo Comum (Ano A)
Padre Flávio Antônio (Diocese de Sete Lagoas - MG)
A liturgia deste domingo traz uma narração sobre a multiplicação dos pães (Mt 14,13-21). A multidão segue Jesus ao deserto como outrora havia seguido Moisés. Tal como Deus mandou o maná para saciar a fome dos hebreus (Ex 16,1ss), novamente Deus, através de Jesus, alimenta aqueles que foram ao deserto para ouvir e serem curados por Jesus (1).
Atualmente, vivemos envoltos numa pandemia. Muitas igrejas estão fechadas. Inúmeros movimentos religiosos estão com suas atividades suspensas. Com a Legião de Maria não está sendo diferente. Milhares de legionários estão sem saber como seguir Jesus em tempo de quarentena. Não se pode receber o alimento (eucarístico) abençoado pelo Mestre, como fez as multidões no evangelho deste domingo.
No evangelho, não será “por chegar a noite” que Jesus dispensará seu rebanho (Mt 14,15). Hoje, não será por causa da pandemia que os legionários de Maria ficarão sem cumprir sua missão. Para os legionários é chegada a hora de seguir a instrução que Jesus deu a seus discípulos: “dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Cabe aos milhares de legionários partilharem, testemunharem os dons, as bênçãos e graças recebidas ao longo de suas vidas com aqueles que estão abatidos e cansados como ovelhas sem pastor (Mt 9,36).
O fato de estarem fechadas muitas igrejas e suspensas as reuniões da Legião de Maria, não significa que a missão dos legionários está suspensa. A missão continua na oração e no testemunho. Hoje é cientificamente comprovado que rezar e receber oração faz muito bem à saúde. Então, legionário, reze! Reze muito! Por você e pelos outros. E dê seu testemunho também. O testemunho é importantíssimo. Dar testemunho não é falar de si. É falar da ação de Deus em você.
Neste tempo de pandemia e isolamento social, infelizmente, muita gente está adoecendo, mas não pelo vírus. Eles não estão suportando a atmosfera mórbida na qual estamos vivendo. O medo está adoecendo as almas. Talvez o medo esteja causando mais estragos que a própria doença.
Muita gente está, literalmente, cansada e abatida e já se esqueceram que Jesus é nosso pastor. Então, legionário, fale das maravilhas que Deus já fez em sua vida. Não para se engrandecer, mas para dizer o quão grande Deus foi, e continua sendo, em sua vida. Incentive, anime, sorria, sopre a brasa para que o fogo do Espírito Santo volte a incendiar os corações de todos com os quais você tiver oportunidade de conversar.
O legionário não pode ter discurso pessimista. Lembre-se das palavras de Jesus: “levante, não tenhas medo” (Mt 17,7). Neste momento de pandemia, o legionário não deve ter medo, mas cuidado. Sobretudo, o legionário tem fé. É pela fé que os discípulos se colocam a colaborar com Jesus em sua missão (Mt 14,19).
O evangelho da multiplicação dos pães (Mt 14,13-20) mostra que Jesus cura (2) e alimenta todos que vão até ele. Mostra que o discípulo e a discípula autênticos, movidos pela fé, auxiliam Jesus em sua missão. A fé, nos evangelhos, está em oposição ao medo. O momento presente nos exige fé para a superação do medo. É pela fé em Jesus que o legionário será capaz de vencer todas as provações que a vida apresenta. Será pela oração e testemunho, como cabe ao verdadeiro discípulo e à verdadeira discípula, que o legionário auxiliará Jesus na missão de tornar este mundo um lugar melhor para todos, enquanto não se alcança o Reino dos Céus (Mt 14,20).
1 Este evangelho também recorda a façanha do profeta Eliseu que alimentado cem homens com vinte pães de cevada (2Rs 4,42-44), porém Jesus fez muito mais e alimentou cinco mil homens.
2 Não se pode compreender aqui uma promessa vã de cura de todas as doenças (inclusive da Covid-19). A missão de Jesus é salvar, é curar, o ser humano de seus pecados (cf. Mt 1,21).